Psicologia escolar, estética da sensibilidade e a perspectiva decolonial
DOI:
https://doi.org/10.58422/repesq.2023.e1369Palabras clave:
Psicologia escolar, Estética da sensibilidade, DecolonialidadeResumen
Propõe-se nesse texto refletir sobre a educação colonizadora, a estética da sensibilidade e a possibilidade de uma psicologia escolar decolonial. A educação ocidental serve a propósitos colonizadores que impõe um pensamento conservador, liberal e doutrinador. A estética da sensibilidade foi um fundamento educacional incorporado nas duas últimas décadas ao currículo escolar e teve a função de fomentar novos processos de subjetivações nos educandos preparando-os para lidar com a sociedade tecnológica que cresce exponencialmente e adaptando os sujeitos à novas competências do mercado de trabalho do mundo globalizado. Junto a essa estratégia de modelação subjetiva, temos também a psicologia escolar que sempre esteve acomunada com as estratégias da sociedade capitalista. A psicologia escolar, historicamente, desenvolveu ações para equalizar as diferenças de aprendizagem por meio da padronização, classificação e exclusão, causando, por vezes, o fracasso do estudante com menos recursos financeiros e, consequentemente, com menos redes institucionais de apoio. A relevância desse debate justifica-se na postura da psicologia escolar que ainda atua na manutenção de um sistema educacional colonizador e de adaptação das subjetividades dos alunos ao modelo capitalista vigente, o que por vezes funciona em um tom prescritivo associado à prática da psicologia clínica, classificatória, muitas vezes patologizante, transferindo para os alunos a responsabilidade de sua inadequação à nova sociedade tecnológica. Buscamos pensar que a educação pode ser transformada se aliarmos a estética da sensibilidade e a psicologia escolar crítica como adjuvantes para práticas psicossociais.
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