Educação em Direitos Humanos e a moralidade pós-convencional

Auteurs-es

  • Ricardo Costa Galvanese Universidade Católica de Santos

DOI :

https://doi.org/10.58422/repesq.2024.e1701

Mots-clés :

educação, direitos humanos, moralidade pós-convencional

Résumé

Quais são as estruturas racionais necessárias à compreensão dos princípios que organizam o discurso dos Direitos Humanos e que conseguem sustentar a construção lógico-moral dos procedimentos de Educação em Direitos Humanos? Para responder a este problema, o presente artigo toma como objeto o desenvolvimento dos padrões de racionalidade moral numa perspectiva kohlberguiana. Tendo em vista a lógica moral subjacente aos Direitos Humanos, emprega como metodologia a pesquisa bibliográfico-documental baseada em técnicas de revisão narrativa de literatura e objetiva demonstrar a necessidade de fundamentação da Educação em Direitos Humanos em padrões pós-convencionais de cognição moral. Após uma breve descrição do cenário de ataques promovidos pelo bolsonarismo contra os Direitos Humanos e contra o Estado Democrático de Direito, são caracterizadas, em linhas gerais, as teorias de Piaget e Kohlberg sobre o desenvolvimento da racionalidade moral e após explorar alguns limites e possibilidades da pesquisa kohlberguiana, conclui que esta proporciona à Educação em Direitos Humanos uma fundamentação indispensável, pois revela que o discurso sobre os Direitos Humanos só é adequadamente decodificado e, portanto, compreensível, na medida em que esteja ancorado numa racionalidade moral pós-convencional.

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Ricardo Costa Galvanese, Universidade Católica de Santos

Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Católica de Santos, graduado em Filosofia pela mesma instituição. Líder do Grupo de Pesquisa Educação e Política (GPEP/UNISANTOS). Professor da Graduação e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Santos. https://orcid.org/0009-0007-7537-2959

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Publié-e

2024-12-18

Comment citer

Galvanese, R. C. (2024). Educação em Direitos Humanos e a moralidade pós-convencional. EVISTA ELETRÔNICA ESQUISEDUCA, 16(43), 33–54. https://doi.org/10.58422/repesq.2024.e1701